quinta-feira, 1 de julho de 2010

RECLAMAÇÃO POR DESVIO DE FUNÇÃO PODE VIRAR BRIGA JURÍDICA NO MUNICIPIO

MARIBEL SOLTA O VERBO
“Eu limparia e deixaria brilhando o chão
para qualquer um, menos para o Wainer”

No próximo dia 12 de julho, a escrituraria da Prefeitura Municipal, registrada como servente desde o início da carreira, Maribel do Couto, completa 25 anos de serviços prestados. Ela alega, porém, que não terá chance de comemorar esse tempo de serviço devido à perseguição que vem sofrendo da atual Administração, que determinou recentemente que ela passe a cumprir as funções relativas ao cargo no qual foi nomeada, de servente. Segundo Maribel, a decisão do atual Governo se dá por dois motivos: primeiro, por causa de uma ação trabalhista movida por ela pedindo a correção de sua situação funcional, já que nunca foi servente de fato, e em segundo lugar por causa do posicionamento político que adotou abertamente nas últimas eleições.


Maribel do Couto relata que, quando entrou na Prefeitura, foi aprovada em testes para a função de escrituraria, e não de servente. “Na época funcionava assim: os candidatos faziam uma prova seletiva, que consistia em um teste de datilografia e outras provas, e dali informava que este está apto para tal setor e aquele para tal. Para mim, nunca deram um balde e uma vassoura. Mas para fins de registro, todos foram caracterizados como serventes, com a promessa de que dentro de seis meses passaríamos a ser escriturários, porém somente alguns, desde aquela época, foram privilegiados. E mesmo realizando as funções de um escriturário, ou auxiliar, estávamos registrados no regime celetista na função de serventes. Eu e mais uns 15 que até hoje é assim”, explica ela.

Segundo lembra, na administração de Elifas Simas, foi homologada uma lei que beneficiou mais alguns, mas somente pessoal lotado na Secretaria de Obras, e nessa época ela estava lotada na Secretaria de Administração, desempenhando como sempre funções burocráticas. Acompanhe a entrevista:

CP - Você afirma que está sendo perseguida pela atual Administração. Por quê?

Maribel - Acontece que, assim como eu, mais alguns dos não privilegiados entramos na Justiça. No meu caso alegando desvio de função e solicitando a efetivação em meus registros do cargo de auxiliar de escriturário, que foi o trabalho que sempre fiz, embora sempre tenha feito além de minhas funções. Em todos os governos sempre fiz o solicitado e o não solicitado, vestindo a camiseta, seja ela do governo que fosse, pois como sempre digo, gosto do meu trabalho, faço porque sei que tenho competência. Quando não sei, vou estudar e me aprofundar. Em todo o período que exerci seja qualquer uma das funções em qualquer secretaria, sempre busquei aprender, me modernizar. Estudei muito para saber tudo que sei e conquistar tudo que conquistei até hoje.

CP - O que o atual Governo está fazendo contra você?

Maribel - Mandam-me retornar à função de origem, só que somente pode retornar quem algum dia lá esteve, e eu nunca exerci a função que agora, através de comunicado, me mandaram exercer.

CP - Como foi este comunicado?

Maribel - O (atual vereador) Edu, quando estava à frente da Secretaria, chegou e me disse: “Guria, te segurei até onde podia. O Prefeito te quer lavando o chão pra ele. Eu estou entre a faca e a parede”. Isso foi exatamente um mês depois de ter saído meu processo de uma das várias gavetas pelas quais ele andou, e agradeço ao vice-prefeito Estoécel Sant’Anna. Então o prefeito Wainer entrou em férias e o Secretário conseguiu na época me manter no meu lugar, mas me disse: “Se tu parar de falar com o Dagberto e tirar fotos com o Ico as coisas se acalmam”.

Sei bem que o motivo desse Governo é perseguição, porém sempre cumpri minhas funções realizando tudo o que estava a meu alcance, trabalhando muitas vezes com meus recursos, minha estrutura, e quando defendi uma ideologia, é porque acredito e me entrego, certa de que as coisas podem ser mudadas para melhor. Quando levantei uma bandeira política, me licenciei. Eu exerci meu direito, de lutar por uma causa, e agora eles vêm querer me dizer o que fazer e o que é certo? Muitas vezes, nas intermináveis reuniões de Governo, ele dizia: ‘Senhores secretários, quero que vocês vão à mídia para termos visibilidade, quero que vocês apareçam falando bem de nosso Governo. Se vai se realizar o que se divulga, não importa. O importante é estar na mídia mostrando as intenções’.

Para ele, falta grandeza de caráter. Ele tem maldade no coração. Eu não preciso ir pra Igreja ou andar com a Bíblia embaixo do braço para dizer que Deus, no qual eu acredito, sabe que o que estou falando é o que eu relmente faço. De Brasília, o Prefeito ligava para dizer que eu não aparecesse nos eventos, porque eu não tinha a cara do Governo dele. Lembro-me bem de uma das últimas ordens dele, na Feira de Artesanato: ‘Não quero que a Maribel apareça’, sendo que fui eu que paguei cinco das 12 barracas que tem lá, por acreditar no trabalho dos artesãos. Paguei porque com o salário que recebi como secretária tive recursos para poder fazer isso. Então, conhecendo o trabalho dos artesãos, eu acabei criando vínculos com eles, e ele sabia disso, e por isso não me queria por lá.

Ele alega que fiz campanha paro o Ico, pois queria ser a secretária de turismo. Isso é mentira. Eu fiz campanha porque acreditei que podia ser o Ico uma pessoa que fosse fazer valer as suas promessas. Eu não seria a secretária, esse cargo seria do Sr. Élson Macedo, que toda cidade já sabia que a coligação achava competente. O que eu seria, sim, era uma pedra no sapato do Ico para fazer com que ele cumprisse com todo um plano de governo que foi montado, e que íamos para as vilas apresentar. Eu não estava ali por cargo. Estava ali por acreditar que seria melhor para Livramento.

Uma vez estava no Parque São José, e me lembro que passou um carro-som carro com a propagando do Wainer. Era uma narração de jogo e depois ele entrava falando que tinha arrumado a casa durante aqueles quatro anos e que agora queria ter a oportunidade de governar. Nisso, próximo tinha duas crianças brincando numa sarjeta em pleno inverno. Aquela cena, junto com aquele áudio, me marcou muito, e agora estou vendo para que ele queria mais quatro anos. Eu volto às vilas seguido e voltei naquela: os esgotos, assim como as crianças, seguem lá, e nem a arrumação da casa nem o tal governar mudou, somente cada vez mais injustiças.

Agora, o Prefeito buscou ser apontado pelo Tribunal de Contas para, através de seu procurador Silvio Cademartory, poder fazer com que o meu desvio de função não valesse, tentando forçar para me fazer retornar para uma função que nunca exerci. Porque, como um governo socialista, ele não começa pelo topo? O Tribunal de Contas também o apontou por nepotismo. Porque ele não tira o irmão dele de lá? Não. Ele quer começar pelos menores, porque não aceita realizar as promessas mentirosas que fez para a população.

Mas ainda assim eu agradeço a Deus pela vida que tenho, e cada vez mais me supero. Esse Prefeito, com sua perseguição, fez com que eu me superasse cada vez mais. Hoje me sinto preparada para bater de frente com ele ou com a primeira dama, sejam questões do trato público, de políticas publicas e até propostas de governo. Me sinto preparada para isso, mas não vou limpar o chão dele, nunca.

CP - Isso que dizer que não vais cumprir a ordem de serviço dada pelo Prefeito?

Maribel - Eu limparia e com certeza deixaria brilhando, de cima de meu salto alto, e sempre arrumada, pois sou mulher e vaidosa, porém para qualquer um, menos pra ele. Eu estou de folga, tenho 25 dias para tirar, pois trabalhava aos sábados e domingos não pelas horas extras e, sim, por dias de folga, e tenho esses dias pra pensar. Porém, não posso retornar à minha chamada função de origem, pois como já disse só retorna para algum lugar quem neste lugar já esteve, e eu nunca estive na função que conta nos papéis. O que ele está tentando é me desclassificar, pois sou uma pessoa que faz as coisas, corro atrás, e muita coisa, como por exemplo o Posto de Informações Turísticas, a parceria com a Nova Skim para o carnaval, tiverem minha participação e tinha muito mais coisas, e isto não vai andar porque ele não é e não vai ser nunca o pai da criança e todo mundo sabe disso.

CP - Com essa bagagem você se canditaria a algum cargo político?

Maribel - Nunca pensei bem a respeito, mas posso afirmar que vontade de mudar as coisas para melhor, estudos, cursos, aprimoramentos e muita bagagem eu tenho. Então, por quê não?

CP - Com essas declarações, você sabe que poderá ser maior a retaliação?

Maribel - Já sabia disso muito antes. Ele mesmo mandou que me alertasse que a imprensa iria falar por um tempo, mas que tudo cairia no esquecimento. Mas eu vou comprar essa briga, e como muitos secretários de vários partidos que acompanhei, eles pra mim, não passaram, e vivem no meu círculo de amizades e convivência até hoje, e seus ensinamentos também. Acredito que não será esquecido, como eu também, por exemplo, nunca esqueci a gestão de Wairton Bazzini, com quem muito aprendi na área onde atualmente trabalho, e pretendo continuar me dedicando como sempre.

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